O
MÁGICO DAS PALAVRAS, DAS CORES E DO SENTIMENTO INFANTIL
Caratinga,
Minas Gerais, 24 de outubro de 1932, Dona Zizinha e seu Geraldo estão
felizes que só vendo. É que acabava de nascer o primeiro filho do casal:
o Ziraldo (a combinação "maluquinha"
dos nomes Zizinha e Geraldo).
Desde muito pequenino Ziraldo Alves Pinto
já era apaixonado por desenho e leitura. Não existia calçada, parede ou
sala de aula que escapasse das suas mãos, e não havia Monteiro Lobato
ou Viriato Correa que o pequeno Ziraldo não devorasse, junto com os quadrinhos
da época. E foi lendo o primeiro número do lendário "Gibi" que Ziraldo
pressentiu, pela primeira vez, o seu próprio futuro.
Em
1954, Ziraldo consegue emprego na Folha de Minas, onde publica uma página
de humor. O curioso nesta história é que, quando tinha apenas seis anos,
Ziraldo teve um desenho seu publicado justamente pela Folha de Minas.
1957
é um ano importante para Ziraldo. Ele se forma em Direito na Faculdade
de Minas Gerais e, após um namoro de sete anos, casa-se com dona Vilma.
(Da união, nascem os hoje todos muito famosos filhos - a Daniela, a Fabrizia
e o Antonio - e, deles, depois, os netos Nina, Miguel, Alice, Vicente
e Manuela).
Na década de 60, Ziraldo ganha enorme popularidade. Seus cartuns e charges
políticas são publicados na revista O Cruzeiro e pelo Jornal do Brasil.
Personagens como Jeremias, o
Bom, A Supermãe e o Mineirinho
passam a fazer parte do cotidiano dos brasileiros. É também no início
dos anos 60 que Ziraldo realiza um velho sonho: fazer, ele mesmo, uma
revista de quadrinhos. Nasce assim a Turma do
Pererê, gibi de grande sucesso que fez a alegria da criançada
durante muito tempo.
Ziraldo
sempre foi um idealista, o que fez com que ele desempenhasse papel de
grande importância durante a Ditadura Militar, com um trabalho intenso
de resistência e denúncia à repressão. Em junho de 69, Ziraldo junta-se
a Millôr Fernandes, Jaguar, Ziraldo, Sérgio Cabral, Tarso de Castro, Paulo
Francis, Henfil, Ivan Lessa: nascia
O Pasquim, o primeiro e mais importante
jornal da combativa imprensa alternativa da história do Brasil.
É
também em 1969, depois de ter seu talento reconhecido internacionalmente
(recebe o Oscar Internacional do Humor
no 32° Salão Internacional de Caricaturas de
Bruxelas e é convidado a desenhar o cartaz anual da UNICEF,
honra concedida pela primeira vez a um artista latino americano), que
Ziraldo publica o seu primeiro livro infantil, Flicts.
Uma obra prima. A história simples e pura de uma cor que não encontrava
seu lugar no mundo.
Somente
dez anos após ter lançado Flicts,
Ziraldo resolve dedicar mais de seu tempo à antiga paixão de escrever
histórias para crianças e publica O Planeta Lilás,
um poema de amor ao livro. Ai ele não parou mais: como descreveu sua filha
Daniela, na contracapa da Coleção ABZ:
"Papai passarinho. A casa anoitece numa assoviação que só na floresta.
Ele cria é assim: cantando, assoviando, batendo o pé no chão, a sandália
estalando no assoalho. Ele é a orquestra inteira".
Mas
foi em 1980 que nasceu o filho mais pródigo de Ziraldo: O
Menino Maluquinho. Ele tinha o olho maior que a barriga. Tinha
fogo no rabo. Tinha vento nos pés. Umas pernas enormes. E macaquinhos
no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinhos no sótão).
É um menino impossível. É um menino feliz. O lançamento de O
Menino Maluquinho é feito na Bienal Internacional do Livro
de São Paulo. O sucesso é instantâneo, O Menino
Maluquinho é o grande personagem da feira e Ziraldo acabou
levando o Prêmio Jabuti daquele ano,
outorgado pela Câmara Brasileira do Livro. "Ler é mais importante do que
tudo", costuma dizer.
O
Menino Maluquinho virou cinema, teatro, televisão, parque temático,
tiras diárias de jornal, CD-ROM , músicas, história em quadrinhos, livro
de mágicas, livro de receitas infantis, manual de sobrevivência, livros
de atividades, pensamentos e máximas, de anedotas, de reflexões, uma cantata
e uma ópera (ainda inédita), ambas do maestro Ernani Aguiar ( ainda inédita).
Maio de 2001: Chegou a hora de uma
grande festa. O Menino Maluquinho
até vestiu fraque para a ocasião! Ziraldo alcançou mais um recorde. O
Menino Maluquinho alcançou a impressionante marca de 2
milhões de livros vendidos.
A Editora Melhoramentos dedica à sua figura e à sua obra o
tema do seu, que é um dos maiores stands da X Bienal Internacional do
Livro, de 17 a 27 de Maio, no Rio de Janeiro. A caneta ágil vai estar
lá, feliz nas tardes de autógrafos, onde, durante horas a fio, o autor
verá mais uma vez seus milhares de meninos e meninas maluquinhos, alguns
nem tão meninos e meninas, já crescidos, mas trazendo os seus próprios
meninos e meninas maluquinhos.

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