Depois
de uma seção de autógrafos muito concorrida
que durou três horas, o incansável Ziraldo,
pai do Menino Maluquinho sentou para conversar um pouco
com a gente. Vejam a entrevista.
iGuinho
-
Ziraldo, quais são os livros e os autores que você mais gostava
de ler na sua infância ?
Ziraldo -
O autor de texto da minha infância é o Monteiro Lobato. Quer dizer,
os outros eu lembro dos livrinhos vagamente mas nem sei quem são
os autores. Eu li um livro chamado Mágico, do Clemente Luz, que
também marcou muito minha infância. Mas minha leitura maior era
gibi mesmo, era história em quadrinhos. Eu devorava tudo, quer dizer,
eu sabia tudo de história em quadrinhos. Essa minha grande ligação.
Com dez, onze anos eu comecei a descobrir os textos mais longos.
iGuinho - Que desenhos animados
você via ? Quais os personagens da televisão que mais te marcaram
?
Ziraldo - Na minha infância não tinha televisão. Eu via
televisão na vitrine, na rua Haddock Lobo. A primeira vez que vi
uma televisão eu já tinha dezoito anos. hoje tenho cinqüenta, entendeu
? Então o desenho animado que vi foi Tom e Jerry, já adulto. Na
infância na minha terra eu tinha mais fita em série do que desenho
animado, mas eu lembro dos desenhos do Popeye, e de outros desenhos
de bonecos muito estranhos. (risos)
iGuinho
- Você foi um bom aluno ?
Ziraldo - Não. Eu não era bom aluno porque não estudava.
Agitava muito a escola e sempre passava de ano com muita facilidade
porque eu e minha turma nunca tivemos dificuldade de ler e escrever.
iGuinho
- O que precisa ser feito de imediato para a criançada
do Brasil ser mais feliz no futuro ?
Ziraldo - Bom, primeiro é esse país ser justo. A escola
ser mais moderna, mais completa. É preciso dar todo incentivo a
educação. Uma ênfase maior por parte do governo Se a criançada brasileira
lesse e escrevesse com facilidade desde cedo, eles construiriam
um país melhor, quero dizer, construirão um país melhor.
iGuinho
- Qual foi o maior momento de prazer que o Menino Maluquinho
já te deu ?
Ziraldo - Ih rapaz, são tantos! Não dá pra te explicar.
Minhas visitas em escolas são inacreditáveis. Houve uma vez em Brasília
que eu fui em uma escola e tinham trezentos meninos com panelas
na cabeça. Aí eu fiquei imaginando
trezentos lares onde incomodaram trezentas mães, e vestiram paletós
de trezentos pais.
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